Chutes Poéticos

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Location: Porto Alegre, Brazil

Um índio!!!

Wednesday, October 25, 2006

Minha poesia

Por que me transformas
num anêmico?
Me sufocas em dores de cabeça
insônias intermináveis
[ amantes noturnas?
Por que não te largo de vez?
Esse caminho irá dar em algum lugar
[ além da sarjeta?
Antes isso que um bar
repleto de neo-filósofos...
Não descobriram ainda
a falta completa de sentido
[ da vida?
Que ela anda em círculos
e zomba da nossa cara?
Ah!Só nos resta sorrir...
Um sorriso bobo, ignorante.
Nos façamos de ignorantes!
Acreditemos no amor, na paixão
na felicidade enfim!
Riam amigos!Riam!
E você menina?!
Você que está lendo este
poema com grandes olhos espantados!
me dá um beijo na boca!
Pega na minha mão
e vem comigo!
Afinal, a noite está linda...

Confusão

Fico nervoso!
com vontades inevitáveis,
desejos noturnos de
[ morte...
Ela não é tão má!
Só um pouco egoísta
com seus olhos lindos
e uma boca que...Meu Deus!
Credo!Nessa horas
eu fico até religioso!
Ironia, ironia...

Verão

Ah! Eu quero a praia...
Ver novamente o mar
sentir o sol
a morenice das meninas
o cheiro doce da brisa marinha...
Os pássaros, os peixes
a vida da vida!
Chutar a água
e me jogar de corpo inteiro.
Ouvir a música do vento
harmonizada com as árvores
que lança no mundo
levezas lunares...

Amada

Fale em tom baixo
e preencha meus ouvidos.
Eu quero sentir o valor de tuas palavras
fazer valer o tempo de tua rara presença...
Nada faz, fez ou fará sentido.
É tudo questão de não se importar
com o que parece certo ou errado.
A insegurança é a carapuça do medo!
E eu sou a brisa leve, o zéfiro
dos campos do amor, por vezes
um furacão endiabrado...

Mulher

Olhos que congelam
lábios que derretem
peitos que esquentam
e...que fervem

Wednesday, October 18, 2006

Soneto ao bairrismo

O rio grande se emancipou do país
e os gaúchos andam cheios de orgulho
mas quando surge uma folga em julho
vão para o Maranhão conhecer São Luís

Meninos de rua mergulham ágeis
numa imensa piscina de entulho
enquanto um sulista enche o bandulho
com o finíssimo caviar de Paris

Volta de lá e prepara churrasco
para mostrar que ainda é macho
come até carne podre sem demonstrar asco

Para tudo isso a cara eu fecho
e para os que acham que pé é casco
mando com prazer meu soneto-esculacho

Para Erik e Ana

O mundo é uma jaula insana!
Por que me fez esperar tanto
para conhecer Erik e Ana?

Sei que ainda sou novo
e muito tenho que aprender
mas parece que estava num ovo
e que acabei de nascer!

Hoje vi uma cigana
que parava o mundo com seu canto.
Pra que cigana? Eu já tenho Ana!
E pra que canto? Se já tenho meu amigo Erik
que graças a deus não é santo!

Noites de inverno

Os tornozelos expostos ao frio
apresentam aspectos irreais
de desespero.
Loucura contida, trancada no quarto...
O que mais tu querias amigo?
Nadar no esgoto e procurar
restos de bebida na calçada?
Ah, vai dormir!

Poema sádico

Escrevo como quem cospe pedras
nas mãos de uma criança.

Sustento o lápis
como a serpente sustenta seu veneno.

Faço valer a náusea
que precede o vômito.

Faço valer a agonia
que antecede o pranto.

Livre

A liberdade é uma bicicleta sem freio.
A coragem de quem pensa
além de números e teses.

Quem sente o vento
como se ele não fosse um fenômeno
sim uma direção, uma razão.

Quem vê o sol além da eterna chuva
sente o amor com intensa paixão
não acomodação e simples ternura.

Tuesday, October 17, 2006

Meus delírios

Isso! Vai em frente!
Acaba logo comigo!
Me destrua com esses olhos
[ lanças translúcidas...
Me sufoque com esse silêncio,
com essa indiferença.
Mas, olhe prá minha cara!
Olhe bem, minha cara.
Guarde um pouco
da escuridão dos meus olhos
na sua memória.
E no momento da lembrança
estarei longe, longe...
Com um riso desaforado
e um coração que não se cansa...

Saturday, October 14, 2006

Meu violão

Das suas cordas saem formas
aveludadas de som
das suas cordas de náilon, violão...
Da sua madeira morta
se eleva um brilho vivo
um verdadeiro convite para a arte
uma arte viva, violão...
Quando não prestares mais
e de suas cordas não sair mais som
o senhor fora não jogarei
serás uma linda lembrança
na parede de um barracão.

Tuesday, October 10, 2006

"A insônia é a namorada da pessoa que sonha acordada"

AS VACAS

Nascem as vacas
com seus pêlos já tingidos de loiro
e suas peles penduradas ao pescoço

Crescem as vacas
e seus peitos já pedem espaço
em meio a tanto material feito de plástico

Morrem as vacas
e sobe um cheiro de perfume-estrume
que embrulha o estômago do poeta insone

Monday, October 09, 2006

Esse é prá ti...

Desprezo o teu desprezo
e sigo andando sem olhar para trás.
Fique com a sua ignorância
[ orgulhosa
e lustre essa sua cara de pau
[ sebosa!
Quem sabe ela não fique mais bonita
e esconda um pouco sua coleção de mentiras.
Não tenho ódio nem rancor
o problema é que só olhar prá sua cara
já me causa um imenso dissabor.
Chega de versos tortos e rimas fracas
se quiser saber um pouco mais de ti
leia meu outro poema
o qual se chama "as vacas"!

O RESTO DA NOITE

A escuridão se coloca entre a chuva
como uma dama sossegada.
A chama do cigarro embaixo da marquise,
o estilhaço do vinho noturno.
De repente uma estrela, de repente o sol...
Que nada!
Mais uma vez a dama vai tingindo o céu de cinza,
[ vaidosa
Anunciando a tempestade intensa
apenas para lembrar da escuridão
[ chuvosa.

Passeio diurno

Embarcou no ônibus. Depois de passar pela roleta cabisbaixo se agarrou em um ferro e continuou tranqüilamente a sua viajenzinha para lugar nenhum, pois estava desempregado e, portanto, não tinha nada melhor para fazer do que ficar dando voltas pela cidade. Percebeu que era o único que estava em pé. Olhou para os lados com o intuito de achar algum assento vago... Tudo em vão! Todos os lugares estavam ocupados, alguns por velhos, outros por crianças, bêbados... Todos tinham lugar naquela porcaria daquele ônibus - pensou ele - menos o bunda-mole aqui!
Havia quinze minutos que estava naquela situação, princípios de cãibra começavam a suceder em suas pernas, o suor já escorria como um riacho por suas costas; quando finalmente o veículo parou para que embarcasse outro passageiro. Era um velho mendigo fedorento e gozador, o qual já era muito conhecido pelos que faziam aquele trajeto diário.
O cobrador já rindo ao ver o "seu zé"- era por esse nome que as pessoas o conheciam - apenas piscou para ele, dando o sinal para que o pobre diabo passasse por baixo da roleta.
Depois de se arrastar marotamente "seu zé" viu o nosso protagonista Antônio - sim pacientes e cansados leitores, o nome do nosso protagonista é este - parou do seu lado, e com sua boca de raros dentes falou: porque está suando desse jeito? Não tomou banho hoje seu FIADAPUTA! O pessoal todo do ônibus desabou de tanto rir do pobre Antônio, o qual nem prestou atenção, pois no momento em que riam dele percebeu que alguém tinha descido, que ele poderia enfim sentar-se, suas pernas doíam muito, seus pensamentes giravam ao sabor das risadas... Poderia né? Claro que poderia! Se o "seu zé" deixasse! Quando Antônio deu dois passos em direção ao tão sonhado banco, o mendigo deu-lhe um empurrão com toda a sua força - já meio carcomida pela cachaça, mas, para esse tipo de coisa ele sempre teve força - no pobre Antônio, o qual caiu de beiço no chão... Os dentes rolando, as pessoas rindo, o sangue escorrendo na camiseta misturado ao suor, que agora não esguichava somente das costas, e sim do corpo todo. A raiva tomava conta de todo o seu ser, e embalado por ela pensava em todas as formas de se vingar do velho. Imaginava assim: ah velho fedorento dus diabo sarnento corno duma figa pedaço de merda se eu pegasse essa trava de saída de emergência eu enfiava nesse cú sujo desse velho porco atirava ele da janela arrancava o fígado e dava para os cachorro comê botava fogo em todo o corpo desse bosta desse miserável desse filho da puta desse... Em meio a todas essa maquinações de morte contra o velho, ele sentiu uma mão macia pegar na sua. Imediatamente ele se virou, e a dona da mão lhe disse: senhor, estamos passando em frente a um hospital, o senhor não quer descer e cuidar do seus ferimentos? O homem voltou a si. Percebeu que ainda restavam pessoas boas no mundo... Mesmo assim não escapou ao descer do ônibus de tomar uma cuspida na cara, cuspida que foi escarrada óbviamente pelo mendigo e que foi seguida de novas risadas - dessa vez mais estrondosas - dos passageiros.
Ainda bem que o pior já passou - pensanva ele muito perturbado com o seu passeio. Na verdade não estava só perturbado, estava tremendo de raiva ainda que aquela mão macia lhe acalmasse.
Quando entrou no hospital reparou que todos estavam olhando assustados para ele. Viu um espelho e decidiu parar para analisar a sua extrema miséria: estava sujo, suando, sangrando, sem os dentes da frente, ferido nos braços e nas pernas... Mas a dona das mãos macias estava sempre ali dando a maior força. Depois de alguns instantes chegou o médico para atender Antônio. O médico tinha fama de fanfarrão, e já chegou gozando da cara do Antônio, falando assim: Meu deus! O que faz uma moça tão bonita com um mendigo estropiado desses!
As enfermeiras acostumadas com as brincadeiras do médico desataram a rir, mas não por muito tempo... Antônio, que tocava violão há muitos anos. Todos os dias. Tinha as unhas da mão direita extremamente grandes para dedilhar o violão com mais facilidade. Teve uma idéia súbita quanto a outras serventias que suas unhas poderiam ter e com um gesto rápido enfiou seu dedo indicador - o qual continha uma unha enorme como todos os outros - no olho do médico. Antônio torcia o seu dedo dentro da órbita do médico, esmirilhando assim o olhar debochado do doutor. Sendo assim, Antônio foi preso, enlouqueceu na cadeia e foi mandando para um hospício. Surtava sempre que ouvia barulho de ônibus.